Maurina
Por: Priscila Siqueira (Fraternidade de São José dos Campos e Litoral Norte Paulista)
Irmãs e irmãos da Fraternidade
Leiga do Irmãozinho Carlos,
No mês de março passado, dentro das comemorações do Mês da Mulher, foi lançado um vídeo documentário sobre a Madre Maurina (Maurina Borges da Silveira), a única freira católica torturada e banida do País pela Ditadura Militar de 64.
Maurina Borges da Silveira,
freira da Ordem Franciscana Secular, nasceu na região rural de Araxá , em Minas
Gerais em 1926. Por influência de um seu irmão que era padre, Maurina fez seus
votos perpétuos aos 24 anos.
O documentário , dirigido por
duas mulheres, Ana Paula Pinheiro e Marcela Varani se chama “Madre”. Quase toda
a equipe que o produziu é constituída por mulheres. Além disso, as pessoas
ouvidas dando seu depoimento, foram todas mulheres, como a religiosa da
Congregação do Bom Pastor, irmã Gerada de São Sebastião ou a teóloga Ivone
Gebara.
Porém, há um outro
documentário mais antigo “Maurina, o outono não acabou”, dirigido por Gabriel
Silva Mandeleh que também mostra a história dessa religiosa.
Maurina foi designada para
cuidar de um orfanato para meninas, na cidade de Ribeirão Preto, São Paulo,
denominado Lar Sant’Ana. No mesmo local, jovens de um movimento ecumênico aí se
reuniam. Acontece que alguns desses garotos faziam parte da Frente Armada de
Libertação, um sonho de juventude que queria acabar com a perversa ditadura
militar. Eles só tinham ideias e nenhuma arma. Publicavam um jornal chamado “O
Berro”, nas instalações do orfanato sem que Maurina soubesse.
Em 1969, Maurina foi presa,
quando os agentes da ditadura encontraram o material do jornal no Lar Sant’Ana.
Sua acusação era que também ela pertencia ao movimento “terrorista” e
acobertava seus jovens integrantes.
Maurina ficou muitos meses na
prisão sofrendo choques elétricos e sendo brutalmente torturada sem poder ter
assistência jurídica que a defendesse. Há inclusive, a suspeita de que tenha
sido estuprada na tortura como era comum acontecer com as presas políticas
daquela época.
Em 1970, Maurina fez parte do
grupo trocado pelo Cônsul japonês e é extraditada para o México. Não queria. O
que ela queria, era ficar no Brasil e mostrar sua inocência.
No México, que voltaria mais
tarde para continuar seu trabalho, Maurina trabalha com as comunidades
periféricas. Em 1979, retorna ao Brasil com sua prisão revogada pela Justiça
Militar.
No final, ela se junta às
Irmãs Franciscanas Hospitalares da Imaculada Conceição. Essa mulher corajosa e
profética, morreu aos 86 anos, em 2011, na cidade de São Paulo.
Lembrar a história dessa
freira é muito importante agora, quando há tanta manipulação para que se dê
anistia aos golpistas de 8 de janeiro. Vejam bem, queridos e queridas, o que
aconteceu na ditadura de 64.
Perdoaram-se as torturas, as
mortes, as injustiças cometidas por verdadeiros monstros e agora, eles querem
voltar.
Não dá mais. O caso de Maurina
é um exemplo:
Não seria isso que Irmãozinho Carlos gostaria que acontecesse?
Anistia, Não!
Tortura Nunca Mais!
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