CRISTO ESTÁ VIVO
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Foto do site do cebi.org.br (link da imagem) |
Por: José Antonio
Pagola
A Páscoa não é a celebração dum acontecimento do passado
que, a cada ano que passa, está mais longe de nós. Os cristãos celebram hoje o
ressuscitado, que vive enchendo de vida a história dos homens.
A creditar em Cristo ressuscitado não é apenas acreditar
em algo que aconteceu ao morto Jesus. É saber escutar hoje, a partir do mais
íntimo do nosso ser, estas palavras: “Não tenhas medo! Eu sou o Primeiro e o
Último; aquele que vive. Estive morto, mas como vês, estou vivo pelos séculos
dos séculos (Apoc 1, 17-18).
Cristo ressuscitado vive, agora infundindo em nós a sua
energia vital. De maneira oculta, mas real, vai impelindo a nossa vida para a
plenitude final. Ele é “a lei secreta”, que dirige a marcha de toda a vida. Ele
é o “coração do mundo”, segundo a bela expressão de Karl Rahner.
Por isso celebrar a Páscoa é entender a vida de maneira
diferente. Intuir com alegria que o Ressuscitado está aí, no meio de nossas
pobres coisas, sustentando para sempre tudo o que é bom, belo e limpo, e que
floresce em nós como promessa de infinito e que, contudo, se dissolve e morre
sem ter chegado à sua plenitude.
Ele está nas nossas lágrimas e penas como consolação
permanente e misteriosa. Ele está nos nossos fracassos e impotência como força
segura que nos defende. Está nas nossas depressões, acompanhando em silêncio a
nossa solidão e tristeza.
Ele está nos nossos pecados como misericórdia que nos
suporta com paciência infinita e nos compreende e acolhe até o fim. Está,
inclusive, na nossa morte como vida que triunfa quando parece extinguir-se.
Nenhum ser humano está só. Ninguém vive esquecido.
Nenhuma queixa cai no vazio. Nenhum gesto deixa de ser escutado. O Ressuscitado
está conosco e em nós para sempre.
Por
isso a Páscoa é a festa dos que se sentem sós e perdidos. A festa dos que se
envergonham da sua pequenez e do seu pecado. A festa dos que se sentem mortos
por dentro. A festa de todos os que se sentem angustiados pelo peso da vida e
pela mediocridade do seu coração. A festa de todos os que se sabem mortais e
que descobriram em Cristo ressuscitado a esperança de uma vida eterna.
Felizes
os que deixam entrar no seu coração as palavras de Cristo: “Anunciei-vos estas
coisas para que em mim, tenhais paz. No mundo, tereis tribulações; mas tende
confiança: Eu venci o mundo” (Jo 16,33).
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